quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sentiu o calor varrer-lhe a face, acanhada, retirou-se.
Detestava ser elogiada ou corrigida em público,
Talvez temesse mais o elogio que a correção.

Sabia bem de seu potencial, mas negava-o.
Admitia a habilidade de fazer certas coisas, em segredo.
Amava, sim! E como amava.
Claro que a sua maneira. Era grosseira, muito ríspida.

Relutava a qualquer amor.
Dizia que não precisava daquilo, "É para fracos", dizia.

Os amigos a reprimiam: "Seja mais aberta, Cris!"
"-Não diga sandices."

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Estava no Barzinho da Vila quando despertou. Um breve olhar para o lado a entonteceu.
Seria aquele o olhar que a traria para a realidade do amor?
Seria ele o portador da neura, do ciúme, da paixão?
Sentiu medo instantaneamente. Parou de beber e de dançar. Sentou-se.
Ele se aproximava mais e mais. Podia sentir a batidas do coração.

Quando se deu conta já tinha trocado telefone, código postal...

Uma semana depois se reencontraram. A paixão era evidente. E como pareciam se amar naquele momento. Se encontraram outras vezes, e outras... Inicialmente durante o dia, depois encontros noturnos, viagens que duravam dias, até semanas.

Os amigos já notavam a diferença e a distância. Sabiam que era o melhor para ela.

Resolveram juntar. Dividir o mesmo espaço por todo o tempo. E tudo parecia ótimo. Era ótimo!
Tiveram o primeiro filho. O segundo. Castrou-se por controle de natalidade próprio.

Ainda se amavam muito. Anos e anos se passavam, se amando sempre.
Veio a elogiá-la várias vezes depois, já não a incomodava mais.

Antes faltava-lhe amor.
Hoje já não mais.

Um comentário:

Rogério de Moraes disse...

Até que enfim postagens novas. Já estava achando que tinha desistido. Gostei muito.

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