domingo, 13 de julho de 2008

Nem tão cordato assim...


Entre os muitos anos que distanciam as obras de Rachel de Queiroz e Rogério Skylab, um ponto de vista em comum: o prazer de observação das aves. Ou seria mais correto dizer: a atração por seus movimentos rotineiros...

Uma das coisas que nos diferencia dos animais é nossa capacidade de raciocínio, mas quem disse que os animais não são pensantes?

Ceará, 1971:

(...) o rouxinol daqui que, segundo penso, é a garrincha daí vem logo depois dos canários; tem uma cantiguinha afinada, mas leve, assim como quem trabalha assobiando. Esse rouxinol uma vez me quebrou um espelho com ciúme do sósia que lhe aparecia no vidro. Bicava o cristal com tanta furia que ensangüentava o bico. Botei um pano por cima do espelho e aí o rouxinol vinha devagarinho, enfiava a cabeça por baixo do pano, espiava - e lá estava o desgraçado de olho arregalado para ele! O rouxinolzinho avançava para o espelho com uma fúria matadora; e de tanto bater deslocou o prego e o espelho foi se arrebentar no chão. E ele, do parapeito da janela, olhava os cacos de vidro, vingado (...)

(...) Ah, são muitos passarinhos. E sempre tem um cantando, as mais das vezes nem se identifica qual é (...)

Skylab II, 2000:

Beija-flor de flor em flor
Beija-flor tu és o rei
Beija-flor te quero bem
Beija-flor se tu soubesse
Beija-flor ah!
Se eu pudesse Beijaria a flor também
Beija-flor tu vais levando
Numa nuvem cor de rosa
Grãos de pólen para quem
Beija-flor tu és tão lindo
Mas chegou a tua hora
Não beijarás mais ninguém

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